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Como tudo começou...
O interesse pela corrida de rua pode nascer de várias
formas. O meu nasceu da necessidade de me preparar para um concurso militar,
onde eu precisava correr 1.800 metros em 12 minutos.
Lembro-me muito bem, de quando eu tinha lá meus 17, 18 anos,
acordava cedo todos os dias para treinar. Tinha a sorte de morar perto de uma
Vila Militar que dispunha de muito espaço para isso, e também alternava os
treinos em uma pista de atletismo dentro de uma universidade pertinho da minha
casa.
Naquela época não tínhamos todos esses recursos e aparatos
tecnológicos que temos hoje.
Parece piada, mas eu treinava com um tênis Olympikus, desses
básicos, tipo escolar. Uma bermuda de Lycra ou um shortinho de Tactel, e uma
regata branca de algodão. (Poliamida só vim saber o que era há pouco tempo
rsrs)
GPS então não existia, eu marcava a distância pelas marcações
feitas pelo próprio exército no asfalto, ou contando as voltas na pista de
atletismo.
Meu tempo era medido num cronômetro de plástico verde fluorescente,
made in Paraguai, que mais parecia um brinquedo de criança. Rsrs
Pode ser que nada disso fosse indicado, mas era o que eu
tinha na época... E eu acabei tendo que aprender a correr escutando o próprio corpo,
acostumando com o ritmo. Tanto que hoje em dia quando tento acompanhar alguém com
o ritmo diferente do meu, mesmo que seja mais lento, parece que alguma coisa
está errada.
Tirei o concurso de letra e depois o treinamento militar
ficou mais divertido. Aprendi a correr em pelotão e cantando, eu adorava a
parte de correr e cantar (ALOKA kkk), e isso me deu um condicionamento
respiratório incrível.
(Momentos antes do TFM, com cara de "Eu posso tudo!" kkkk)
Depois de quatro
anos resolvi sair da área militar e buscar novas experiências. E acabou
acontecendo o que acontece com muita gente... Trabalho, faculdade, casa, família,
filhos... Milhares de atividades ganharam prioridade e o esporte acabou ficando
em último plano. O que gerou oito anos de sedentarismo.
A situação se agravou depois que desenvolvi uma hérnia de
disco na cervical, que em épocas de crise me fazia perder os movimentos dos
braços. Nesse caso, só muito repouso, corticoide, fisioterapia e Deus no
coração para superar a dor.
E ainda tive que aprender a conviver com as hienas da vida,
que em vez de me dizerem palavras de força e esperança num momento assim, eu ouvia
muitas coisas do tipo “Ihhh, isso aí não tem jeito, tem cura não” ou “Ahh você
vai ter essa dor pro resto da vida. Vai ter que aprender a conviver com ela.
Depois acostuma”, ou pior ainda “Você nunca mais vai poder fazer nenhuma
atividade física, pois qualquer esforço pode desencadear uma nova crise”.
Imaginem algo assim, e então tudo começou a parecer ruim
demais... Ganhei 10 quilos. Culpava os corticoides, a impossibilidade de fazer
atividade física e ansiedade que me fazia comer desesperadamente.
Em 2011 levei um susto ao pegar os resultados do meu exame
periódico no trabalho. O colesterol e os triglicerídeos estavam completamente
alterados. E isso me fez dar um basta em tudo... Pensei: Sou nova, tenho um
filho lindo para criar e quero viver muito ainda. Quero viver muito, e quero
viver bem. Aprendi a não fazer coisas
que pudessem me deixar em crise novamente, para que assim não precisasse mais
dos corticoides e melhorei minha alimentação, o que já me fez perder peso. Justamente
nessa época foi quando um casal de amigos me contou que frequentavam as provas
de corrida de rua, que eu nem sabia que existiam.
Procurei um médico para saber se correr poderia prejudicar
meu problema. E ele me orientou que eu deveria sim praticar exercício, até para
fortalecer a musculatura. Que eu começasse correndo pouco para ver como me
sentiria, e que respeitasse meus limites sempre. Afinal, tudo em excesso pode
fazer mal.
E como dizem que você sai do militarismo, mas o militarismo
não sai de você. Eu resolvi encarar o desafio! Uma vez guerreira, guerreira sempre.
A partir daí resolvi acompanhar os amigos nas corridas de
rua (Isis, você foi a minha maior incentivadora, obrigada!!). Corri minha
primeira prova em Julho de 2012, o Circuito Vênus, e daí não parei mais! É tão
bom quando você encontra amigos, e não hienas pelo caminho. É tão bom saber que
eu posso. A satisfação... A sensação é indescritível
e inigualável.
(14 anos depois, no Circuito Vênus)
Confesso que hoje em dia não me dedico tanto, nem treino
como gostaria. E é até por isso, estou criando esse blog. Quem sabe a vontade
de compartilhar as experiências não me dá a disciplina necessária para encarar
com firmeza o treinamento, não é?
E que venham muitas e muitas corridas pela frente!
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Corrida
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